Projeto de mêsversário na UTI neonatal leva alegria e esperança para os pais de prematuros no Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL)

O Novembro Roxo, mês internacional de sensibilização sobre a prematuridade, criado para promover reflexão a respeito da prevenção e assistência neonatal, marca o início do projeto Pequenos Encantos no Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL), em Niterói, unidade que é referência em partos de alto risco para os sete municípios da região Metropolitana 2 e especializada no atendimento a bebês que nascem antes das 37 semanas de gestação. Este ano, o tema da campanha é Pequenas Ações, Grande Impacto – contato pele a pele imediato para todos os bebês, em todo os lugares.

O projeto é uma iniciativa de humanização que consiste em realizar atividades de mêsversário temáticos e ensaios fotográficos, que irão registrar a jornada dos bebês prematuros e sua evolução durante a internação na UTI neonatal. O foco é celebrar a vida desses recém-nascidos, promover a humanização do ambiente hospitalar e estimular a interação entre pacientes, famílias e equipe da UTI Neonatal, além de sensibilizar a comunidade sobre a importância da prematuridade e do cuidado especializado.

“No Brasil, cerca de 12% dos recém-nascidos são prematuros e a prematuridade é a principal causa de mortalidade infantil nos primeiros 5 anos de vida. A campanha de 2023 vem reforçar a importância do contato pele a pele, inclusive para os prematuros extremos que são os principais beneficiados. O Novembro Roxo é o mês dedicado à sensibilização e serve para mostrar a fragilidade desses bebês e sua individualidade. A cor roxa significa transmutação e é isso que queremos, dar visibilidade à causa da prematuridade e contribuir para que esse universo se modifique”, explica Cristine Delgado, coordenadora médica da UTI neonatal.

A hospitalização de um bebê na UTI neonatal gera muita ansiedade e angústia em todos que estão ligados a ele. É um ambiente hospitalar com tecnologia avançada e profissionais especializados para realizar os cuidados ao recém-nascido de forma integral. No entanto, é importante entender que são crianças em desenvolvimento contínuo. Sob esta perspectiva, foi observada a importância de atender também às necessidades emocionais, cognitivas e sensoriais dos bebês prematuros, promovendo um ambiente acolhedor e afetivo dentro da UTI neonatal.

“O projeto Pequenos Encantos tem a intenção de valorizar as atividades lúdicas neste espaço. E também explicar como essas inciativas podem contribuir para o desenvolvimento e estimulação sensorial dos bebês prematuros, promovendo a interação, o aprendizado e o senso de diversão. Considerando também que o lúdico traz benefícios para as famílias, oferecendo momentos de alegria e esperança durante o tempo em que seus filhos estão na UTI neonatal”, afirma a responsável técnica do serviço de Psicologia, Ediléa Oliveira.

A estudante Jéssica Luiza de Souza Vidal, 17 anos, aprovou o projeto e se emocionou quando viu sua filha Helena, que nasceu em 15 de outubro com 860 gramas e 35 centímetros, vestida com as cores do mês da prematuridade.

“Foi um grande susto quando a bolsa estourou e a Helena nasceu sem a gente esperar. A gente fica sem saber o que fazer. Estamos passando por momentos difíceis, mas encontrei na UTI neonatal uma rede de apoio muito boa. Tem também o contato com as outras mães. A gente se ajuda nos momentos tristes e nos felizes também. A ideia de fazer o ensaio de fotos é muito boa, faz a gente se sentir acolhida. Estou feliz porque vou ter uma recordação da minha filha. Tenho muita esperança que em janeiro ela poderá ir para casa. Ela está evoluindo bem, já está com 1.250 Kg. Só tenho a agradecer por toda a atenção e cuidados que estão oferecendo para a Helena”, disse.

Cada mês será marcado por um tema específico. Os prematuros serão vestidos com fantasias e roupinhas preparadas com antecedência, envolvendo organização e cuidados especiais para garantir a saúde, segurança e conforto dos bebês. Em novembro, meninos e meninas fizeram o ensaio fotográfico com roupinhas roxas, para celebrar o mês da prematuridade. As fotografias foram entregues às famílias dos bebês num encontro realizado quinta-feira (16) com os profissionais que atuam na UTI neonatal.

A UTI neonatal do HEAL também aplica nos prematuros outras boas práticas de humanização no setor, que auxiliam no neurodesenvolvimento dos recém-nascidos, tais como o método Canguru, que possibilita o contato pele a pele entre a mãe, pai ou responsável com o recém-nascido, e terapias como banho de ofurô, redeterapia (deita em posição semelhante a que ficava no útero), musicoterapia com Mozart (calmante), hora do soninho com luzes desligadas e contato com o Polvo de crochê (que se assemelha ao cordão umbilical).

Acolhimento e acompanhamento psicológico para mães e familiares

Além do projeto Pequenos Encantos, o Novembro Roxo foi celebrado no Hospital Estadual Azevedo Lima com a realização de um simpósio científico que reuniu profissionais dos setores que atuam na área de neonatologia da unidade na sexta-feira (17), Dia Mundial da Prematuridade. O encontro foi uma oportunidade para troca e disseminação de conhecimentos sobre os avanços da medicina neonatal e das outras áreas envolvidas nos cuidados intensivos dos prematuros, como enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia.

Até setembro deste ano, dos 1.980 bebês nascidos na unidade, 369 foram prematuros que precisaram ser internados na UTI. A não realização do pré-natal ou número pequeno de consultas, gravidez precoce, intercorrências durante a gestação, como diabetes gestacional e hipertensão, estão entre as principais causas do nascimento de bebês prematuros.

Duzentos funcionários atuam na UTI neonatal e na Unidade Intermediária (UI) do HEAL, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais.

Além dos cuidados intensivos, o acompanhamento psicológico das mães e familiares desses bebês é parte integrante da rotina no setor, serviço disponibilizado 24 horas. A responsável técnica da Psicologia, Ediléa Oliveira, está à frente do grupo multidisciplinar terapêutico para os pais, que oferece semanalmente escuta especializada, roda de conversa, dinâmicas e troca de experiências entre as mães.

“Trabalhamos esse evento inesperado. A mulher grávida espera no seu imaginário a continuidade da gestação, que seu bebê nasça no tempo certo. Muitas vezes acontecem problemas que antecipam esse parto. Fazemos o acolhimento psicológico na tentativa de minimizar o sofrimento e a dor desse evento inesperado, dessa angústia que não era esperada. Muitas mães se culpam pelo bebê ter nascido antecipadamente, por não terem podido sustentar a gestação até o fim. Em alguns casos esse bebê não sobrevive, também trabalhamos a perda, o luto”, explica a psicóloga.

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