22/06/2017
O que as ligações covalentes têm a ver com a qualidade do azeite que você consome? E qual a relação do número atômico com o leite em pó? Ambos são elementos de uma ciência que começa a se aprender ainda na escola e que embora muitas pessoas não saibam, é usada para garantir a qualidade dos alimentos que são comercializados: a Química. Amostras desses e de outros produtos passam rotineiramente pela bancada da química Fabíola de Assis Brandão, 43 anos, que faz parte da equipe da Gerência de Controle Sanitário (GCSA) – Setor de Físico Química de Alimentos do Lacen-RJ, órgão da Secretaria de Estado de Saúde.
Por meio de diversas análises químicas, Fabíola avalia a composição do produto, seu grau de pureza e se ele corresponde ao que diz o rótulo, por exemplo. Tudo para garantir a saúde do consumidor. A química, formada em 1998 pela Universidade Federal Fluminense e servidora do Lacen desde 2002, explicou que cada amostra de alimento levada ao laboratório passa por uma série de análises para verificar se aquele produto está de acordo com o que determina a lei de identidade e qualidade e pode ser consumido com segurança. As amostras são enviadas ao Lacen pelos municípios e o estado, após ações de inspeção em estabelecimentos comerciais, ou pelos próprios agentes de Vigilância Sanitária estadual.
Depois de catalogadas, as amostras passam por ensaios de físico-química, microscopia e microbiologia (de acordo com cada tipo de alimento e motivo de apreensão), que avaliam se eles estão próprios para consumo humano ou se a qualidade do produto equivale àquela que foi informada no registro ou no rótulo. “Fazemos análises sensoriais, onde são avaliados a cor, o aspecto e a coloração daquele produto. Ele também passa por uma análise físíco-química, onde são verificados, por exemplo, o grau índice de refração e acidez daquela amostra. Cada produto tem um parâmetro de qualidade e identidade que é único, e fazemos uma série de análises para verificar se aquela amostra está dentro dos parâmetros”, explicou Fabíola.
Ela mostra, de forma didática, uma das muitas atribuições do Químico, um profissional que atua em várias frentes de trabalho diretamente ligadas à qualidade de vida e ao conforto das pessoas, cujo dia nacional é comemorado em 18 de junho. O trabalho da Fabíola é usado para embasar ações das Vigilâncias Sanitárias estadual e municipal, que podem variar da simples retirada de um determinado lote de um produto do mercado até a paralisação da linha de produção de uma empresa, após fiscalização dos agentes, mas é pouco conhecido do público em geral, como ela mesma faz questão de revelar: “Eu já estava dando aula, quando um colega de magistério chegou na sala e disse: vai ter concurso para Secretaria de Saúde. Fiquei na minha, não imaginava que a Química tinha alguma coisa a ver com a Saúde. E então ele me falou: é com você mesmo que eu estou falando (risos). Só depois que eu comecei a pensar e ví que era pela área de análises”, complementa.
A paixão de Fabíola pela disciplina começou logos nas primeiras aulas. Ela queria entender na prática os conceitos apresentados pelos professores. “A Química vai além das palavras. Eu adorava cores e queria entender como e porque se chegava naquela cor específica. A Química é uma coisa que está no dia a dia das pessoas, por exemplo, no ar que ela respira. Ele é diferente de acordo com o lugar onde a pessoa está, ou a temperatura. A Química explica essas diferenças e faz a gente entender porque elas ocorrem”, complementa, com o entusiasmo de quem é apaixonada pelo que faz.
A servidora do Lacen também é professora da rede estadual de ensino e procura levar o conhecimento de forma didática para seus alunos, usando a linguagem deles. “Eu posso chamar a atenção dos alunos, por exemplo, falando dos cabelos e das químicas que são usadas neles; da água, explicando porque a pessoa sente sede. É uma forma de levar a ciência para a rotina deles”, concluiu.