10/03/2023
Um pequeno coração mobilizou uma grande corrente do bem para salvar a pequena Isabel, de 2 anos. O gesto de solidariedade de uma família que autorizou a doação de órgãos deu início a uma operação envolvendo 50 pessoas, entre profissionais de saúde, aviadores da Força Aérea Brasileira (FAB) e pilotos da Superintendência de Operações Aéreas (SOAer), da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) e Central Estadual de Transplantes, vinculada à Fundação Saúde. A união de forças mudou a vida da menina, que passou por um transplante de coração, em fevereiro.
O órgão foi trazido de outro estado até o aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador, em um avião da FAB, de onde seria levado em um veículo até o Instituto Nacional de Cardiologia (INC), em Laranjeiras.
Diante do trânsito caótico na região, foi necessário o apoio do helicóptero do SOAer para que o coração chegasse em boas condições à menina, em uma corrida contra o tempo. Uma viagem de automóvel poderia colocar tudo a perder, já que o tempo de transporte do órgão deve ser o menor possível. A paciente havia passado por três cirurgias desde que nasceu e a chegada do coração trouxe uma esperança de vida saudável.
- A aeronave da SES-RJ realiza transporte de órgãos para transplantes e transporte inter-hospitalar de recém-nascidos e bebês. O Rio de Janeiro é o estado que mais faz captação de órgãos por transporte aéreo. Temos orgulho de prestar esse serviço, que salva vidas – diz o secretário de Estado de Saúde, Doutor Luizinho.
Durante os dois anos mais críticos da pandemia de Covid-19, o helicóptero da Saúde cruzou o estado levando 972 mil doses de vacinas. Em 2022, a aeronave transportou 155 órgãos para transplantes e realizou 67 transportes inter-hospitalares de recém-nascido e de bebês (esse serviço teve início em agosto de 2022).
O comandante tenente-coronel Rodrigo Medina, responsável pelo SOAer, explica que o tempo é fator crucial para o sucesso do transplante de órgãos.
- Fazer esse transporte por aeronaves aumenta muito a chance de sucesso em todo o processo. Para a equipe que participa da ação, é sempre uma satisfação e uma emoção participar de missões tão nobres quanto essas, ajudando a salvar vidas – diz o militar.
O médico Alexandre Cauduro, responsável pela Central Estadual de Transplantes, vinculada à Fundação Saúde, destacou que toda a operação envolveu dois grandes desafios: encontrar um órgão compatível com a criança e conseguir trazê-lo a tempo para a realização do transplante.
- A criança que recebeu o coração é uma menina de 2 anos e 7 meses, portadora de uma doença cardíaca desde o nascimento e que já havia sido submetida a três cirurgias prévias. O grande desafio é encontrar um doador com um tamanho compatível com o peso. Outro grande desafio foi trazer um órgão de um lugar distante em tempo hábil. Geralmente, esse período entre a retirada e o implante do coração deve ser de até quatro horas. Neste caso, mesmo com a logística bem construída, com o apoio de aeronaves da FAB e do helicóptero da SES/RJ, durou seis horas e 16 minutos. Um tempo longo, mas que se mostrou exitoso, pois a criança teve uma boa evolução do transplante, possibilitando a alta na última quarta-feira (08.03) – comemorou.
Depois de 43 dias de internação, a emoção tomou conta de todos ao verem a pequena paciente deixar o hospital. A mãe da menina, Leiliane Santos, de 33 anos, conta que no dia em que soube pela equipe médica que havia aparecido um coração para o transplante, sentiu um enorme alívio. E teve conhecimento de quantas pessoas estavam envolvidas e empenhadas em salvar a vida de Isabel.
- Não tinha ideia de quanta gente estava envolvida, trabalhando para tudo dar certo num transplante. Enquanto a equipe estava indo colher o órgão em outro estado, uma outra equipe estava aqui preparando tudo. Tinha que ser tudo muito sincronizado. É impressionante o quanto é importante a dedicação dessas pessoas para ajudar a salvar vidas. Minha filha tinha um problema de coração muito grave e agradeço a todo mundo, a toda a equipe médica, ao hospital, e ao Estado por disponibilizar helicóptero não só para nós, mas para todos que precisam de um transplante – disse Leiliane, que fez questão de abraçar o comandante Medina e agradecer a equipe do SOAer por ter trazido a tempo o coração para a pequena Isabel.
Números de transplantes
Em 2022, foram realizados no estado do Rio de Janeiro 2.650 transplantes, sendo 821 de órgãos sólidos, 172 de medula óssea, 549 de córnea e 93 de esclera. Além disso, 1.015 tecidos músculo esqueléticos foram disponibilizados para transplante. Em todo o ano de 2021, foram 2.468 transplantes, sendo 784 de órgãos sólidos, 212 de medula óssea, 580 de córnea, 82 de esclera e 810 tecidos músculo esqueléticos, número superior ao registrado em 2020, que fechou em 1.936, o mais baixo da série. Já em 2019, foram 2.481 transplantes registrados.