25/10/2017
Considerada pelo público feminino uma grande vilã durante o envelhecimento, a menopausa é um processo fisiológico que começa um ano após o último fluxo menstrual e que todas as mulheres terão que enfrentar em algum momento da vida. Cerca de quatro anos antes da menopausa, que acontece geralmente entre os 45 e 55 anos, ocorre a perimenopausa, quando caem os níveis de estrogênio, hormônio produzido pelos ovários, levando à irregularidade menstrual e aos primeiros sintomas da menopausa.
Apesar do impacto negativo sobre a qualidade de vida da mulher, é possível diminuir suas consequências. A endocrinologista do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE), Graziella Mendonça Monteiro de Barros, esclarece sobre os sintomas e formas de tratamento, hormonais ou não, que ajudam as pacientes neste momento delicado da vida.
O IEDE oferece, pelo SUS, atendimento ambulatorial a mulheres na menopausa ou perimenopausa. O acesso ao instituto é feito via Central Estadual de Regulação (CER) e as pacientes atendidas nas unidades básicas de saúde e que têm indicação podem ser encaminhadas para acompanhamento na unidade.
- Quais são os sintomas mais comuns da menopausa?
As ondas de calor e a sudorese atingem cerca de 75% das mulheres, podendo ocorrer em grau intenso em 25% das mulheres que registram os sintomas, prejudicando consideravelmente sua qualidade de vida. Irritabilidade, oscilações de humor, ansiedade, insônia e depressão também podem se manifestar nessa fase. Existem outros sintomas que ocorrem na região do aparelho genital, como o ressecamento e perda da elasticidade da vagina. O problema pode causar dor e dificuldade nas relações sexuais que, somadas à diminuição da libido, pode levar ao desinteresse pela prática sexual nessa fase da vida. Com o fim da produção de estrogênio pelos ovários, cresce o risco de osteoporose, instabilidade metabólica (elevação do colesterol e da glicose), depósito de gordura no abdômen, ressecamento da pele e dos cabelos.
- Existe tratamento para melhorar a qualidade de vida da mulher nessa fase da vida?
Sim. É possível fazer tratamento a base de hormônios com o objetivo de restaurar os níveis de estrogênio e progesterona no organismo, aliviando os sintomas da menopausa e melhorando a qualidade de vida dessas pacientes. A Terapia Hormonal da Menopausa (THM) está indicada para mulheres com menos de 60 anos que apresentem os sintomas e nos primeiros 10 anos após a interrupção da menstruação. Feita com hormônios idênticos aos naturais, a terapia é composta de estradiol em forma de comprimido, gel ou adesivos e progesterona natural, que pode ser administrada via oral e transvaginal. A THM tem efeitos benéficos nos níveis de colesterol, no metabolismo da glicose, com redução no desenvolvimento de diabetes, no risco cardiovascular, desde que iniciada logo após a menopausa, e na prevenção da perda óssea associada ao processo. Vale ressaltar que apenas um médico pode avaliar qual a melhor formulação e via de administração para a paciente.
- Há outras formas de minimizar o impacto do processo, além da administração de medicamentos?
A prática de atividades físicas, que ajuda a prevenir doenças cardíacas e osteoporose, ajuda na manutenção do peso, além de melhorar o humor e a disposição.
- Há contraindicações para a THM?
Sim. Pacientes com histórico de câncer de mama ou de endométrio, doença hepática grave, risco elevado ou histórico de trombose, infarto ou derrame, hipertensão descontrolada e diabetes de difícil controle são contraindicadas para a terapia. Para essas mulheres, existem outros medicamentos que proporcionam alívio dos sintomas e que não contêm hormônios.