14/06/2017
O Programa Estadual de Transplantes (PET) fechou o mês de maio com um recorde histórico: 96 transplantes de córnea foram realizados neste período, quase 10% a mais do que em todo o ano de 2009, quando foram feitos 88 procedimentos do tipo em unidades de saúde do Rio de Janeiro. Em 2017, já são 345 transplantes de córnea no estado. No ano passado, outra marca foi alcançada: a fila de espera por esse transplante reduziu de 10 anos para um ano e meio desde que o projeto foi criado, em 2010.
- O aumento do número de procedimentos é bastante expressivo e indica que o Rio de Janeiro está no caminho correto. Porém, é preciso haver uma mudança cultural quando se pensa na doação de órgãos e tecidos no estado. É importante que as pessoas conversem sobre o assunto e esclareçam suas dúvidas. Diversos problemas podem afetar as córneas e o transplante é seguro, eficiente na maior parte dos casos e traz mais qualidade de vida ao paciente. A doação pode, inclusive, devolver a visão para aqueles que a perderam completamente – destaca Luiz Antônio Teixeira Jr., secretário de Estado de Saúde.
Tecidos como córnea, ossos, pele e válvulas cardíacas podem ser doados tanto nos casos de morte encefálica quanto na morte resultante de parada cardíaca, diferentemente do que ocorre com órgãos como o coração, fígado e rins, entre outros, que só podem ser doadores os casos de morte cerebral. Assim como na doação de órgãos, a autorização familiar é a única forma de garantir que as córneas sejam doadas. Após a captação, que deve ocorrer em até seis horas após o falecimento, elas podem ser devidamente armazenadas por até 14 dias, facilitando as cirurgias de transplante. Atualmente, o estado conta com 27 unidades transplantadoras.
- Esse recorde é mais uma comprovação da consolidação do trabalho do PET. O incremento do transplante de córnea vem acontecendo desde 2014, a partir da implementação de diversas ações. Otimizamos a captação de morte encefálica, aumentamos o aceite de córneas que vêm de outros estados e a captação de córnea de doadores vítimas de parada cardíaca e estamos realizando um trabalho junto aos centros transplantadores, que vêm se organizando e se estruturando para realizar o procedimento. No ano passado, foram quase 600 transplantes de córnea e a expectativa é chegar a 700 este ano – explica Rodrigo Sarlo, coordenador do PET.
Banco de Olhos – Parceria entre o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) e o PET, o Banco de Olhos conta, desde 2013, com estrutura capaz de filtrar todo o ar onde as córneas são processadas, além de área de segurança biológica superior a de um centro cirúrgico. Integrado ao Banco de Tecidos do INTO, o serviço foi o segundo do tipo a ser inaugurado no RJ e é considerado essencial para a melhoria do desempenho do estado na realização deste tipo de procedimento.
A indicação para a realização de um transplante de córnea é feita quando são detectadas alterações ou perda de uma ou mais de suas características – curvatura, regularidade e transparência. O ceratocone – patologia que prejudica o formato da córnea – é a principal causa de transplantes de córnea no Brasil. A saúde do olho também pode ser afetada por úlceras, degenerações e distrofias, além de problemas que podem ser genéticos, hereditários ou ainda causados por ferimentos e infecções.
- O transplante nos garante a substituição total ou parcial da córnea doente, ou opaca, por uma nova, sadia. Isso permite a correção de defeitos oculares. Trata-se de um procedimento ambulatorial e o paciente não precisa ser hospitalizado. O sucesso da cirurgia varia de acordo com a complexidade de cada caso, mas, em geral, esse índice varia mundialmente entre 80 e 90% de cirurgias bem-sucedidas, o que significa um grande número de pessoas que ganharam mais qualidade de vida – detalha Sarlo.
Para receber uma córnea, o paciente deve estar inscrito, através de um encaminhamento médico, na lista única que fica a cargo do PET. Uma equipe de transplantes credenciada ao Ministério da Saúde irá representá-lo e inscrevê-lo junto ao Sistema Informatizado de Gerenciamento (SIG), coordenado pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Automaticamente, o paciente terá o Registro Geral de Cadastro Técnico (RGCT), um número que o identifica e fornece informações importantes, como a situação na lista de espera. O critério de espera pelo transplante de córnea é cronológico: quem foi inscrito antes será submetido ao procedimento primeiro.
Em 2014, o PET lançou o Manual do Paciente de Transplante de Córnea com a finalidade de aprimorar o procedimento no estado. O documento foi criado para informar sobre os processos de doação e transplante com doador falecido e esclarecer dúvidas sobre o tema. Mais informações no link http://transplante.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=zLwaQb1DGJI%3D.
Para ser um doador, basta comunicar à família o seu desejo. Doar não custa nada para você, mas receber uma doação significa muito para quem está batalhando pela vida. Alguém, em algum lugar, agradecerá. Doe órgãos, doe vida!
Disque-Transplante: 155